Ao baixar os olhos, Sílvio viu a mão de Lúcia, abraçada às pernas. A pele estava vermelha e inchada. O coração dele se apertou de dor e raiva.
Ela estava machucada. Embora fosse apenas uma queimadura leve, a dor parecia latejar nele.
Mas o que o irritava mais era o fato de ela ter passado o dia inteiro fazendo drama. Ele não conseguia entender porque ela estava se comportando assim, cada vez mais intransigente.
— Você não tem mais cuidado? Está doendo? — Sílvio suavizou o tom de voz, tentando iniciar uma conversa.
Lúcia continuou sem se virar. Ele não se deixou abater. Abriu a caixa da pomada de queimadura e continuou:
— Ainda está brava? Não fique assim. Ficar nervosa só te envelhece mais rápido.
Lúcia, ainda olhando para as cortinas, piscou lentamente seus olhos secos.
Ela sabia que Sílvio estava tentando acalmá-la, tentando ser gentil.
O Sílvio de antes jamais teria tanta paciência. Era sempre ela quem cedia, quem o perdoava.
Ela deveria sentir-se satisfeita agora. Mas, ao lembrar d