Ao ouvir Lúcia falando como se estivesse se despedindo da vida, Sílvio ficou ainda mais irritado:
— Lúcia, você pode calar a boca por um segundo?
Ela estava prestes a morrer, tinha a chance de dizer suas últimas palavras, mas ele não conseguia ter paciência para ouvi-las.
Mas logo não haveria mais som algum. Em breve, ela ficaria em silêncio para sempre, e ele nunca mais teria que se incomodar com sua voz.
“Sílvio... A partir de agora, você vai querer me ouvir, mas eu já não estarei mais aqui.”
Lúcia sorriu, mas era um sorriso amargo, carregado de tristeza:
— Se você ainda tem algum respeito pelo que fomos, enterre-me junto com meus pais. Quero reencontrá-los. Não me deixe longe deles, senão eu não vou conseguir achá-los.
— Lúcia, eu mandei você calar a boca! Agora não é hora de drama! Sim, seus pais morreram, mas os meus também! Você só está passando pelo que eu já passei! O que você quer, agir como seu pai? Quando algo dá errado, a solução é morrer? Se eu pensasse como você, teria me