Ela o encarava fixamente. Era óbvio que tinha ouvido suas palavras.
Lúcia não se surpreendeu com a resposta dele. Afinal, ele sempre desejou sua morte. Mas ouvir isso repetidamente ainda a machucava.
— Por que não está deitada? O que está fazendo perambulando por aí? — Sílvio perguntou, impaciente.
Ela já estava acostumada com aquele tom de desdém. Continuava repetindo para si mesma que deveria se acostumar, que tudo isso se tornaria rotina.
Desviando o olhar, entrou no banheiro. Com uma mão segurava o soro, e seus passos eram incertos, como se estivesse andando sobre um chão de algodão, um pé alto, outro baixo.
Quase caiu, mas ele foi rápido o suficiente para segurá-la pelo braço.
Lúcia, entretanto, se desvencilhou, olhando para o chão:
— Não preciso da sua falsa preocupação.
Ela entrou no banheiro e fechou a porta.
Sílvio tocou o nariz, riu ironicamente. Falsa preocupação? Ele a tinha trazido ao hospital!
Como Basílio podia dar-lhe um chocolate e ela sorria tão docemente, com olhos