O sol da tarde se arrastava pelo céu, e cada hora que passava era uma pequena vitória e uma nova tortura para Gabriel. A imobilidade era uma inimiga quase tão perigosa quanto Kael. Escondido no quarto de hóspedes empoeirado, ele se tornou um mestre em conservar energia. Cada movimento era calculado. Cada gole da pequena garrafa de água que trouxera era medido. A fome era uma dor surda em seu estômago, mas ele a ignorava. Já passara dias em condições piores. A verdadeira luta era contra a própria mente.
Ele assistiu à vida da casa se desenrolar como um filme mudo. Viu Leônidas sair para o almoço e voltar horas depois, o rosto uma máscara de irritação, falando ao celular com uma urgência que traía algum problema nos negócios. Viu Cida, a empregada, passar pelo corredor duas vezes, cantarolando, alheia ao predador que se escondia a poucos metros.
Mas sua atenção estava em Lara.
Ela não pintou naquela tarde. Não se deitou no jardim para ler. Estava inquieta. Gabriel a observava de sua jan