As horas que se arrastaram até o amanhecer foram as mais longas da vida de Gabriel. Trancado na escuridão do pequeno depósito, ele se tornou uma extensão da própria casa, um sensor humano registrando cada estalo, cada murmúrio da estrutura adormecida. O tempo se desintegrou. Não havia minutos ou horas, apenas o ciclo interminável do tique-taque de um relógio no andar de baixo e o zumbido quase imperceptível da eletricidade correndo pelas paredes.
Ele não se permitiu sentar. Permaneceu de pé, encostado na parede, os músculos tensos, a mente em alerta máximo. Ele mapeou a casa pelos sons. O ruído do sistema de climatização ligando e desligando em intervalos de vinte e sete minutos. O estalo de um assoalho no corredor, provavelmente se contraindo com a queda da temperatura da madrugada. O som distante e agudo de uma sirene, a quilômetros dali, que o fez levar a mão ao cabo da pistola por puro reflexo.
Cada ruído era um inimigo em potencial até que fosse identificado e descartado. Sua para