(Narrado por Rafael)
A varanda da pousada estava banhada pelo brilho dourado das velas, o vento suave da noite carregando o aroma das flores silvestres que cresciam ao redor do lago. Flávia sentava à minha frente, o vestido leve esvoaçante, os olhos refletindo as chamas como se fossem duas belas safiras.
As gêmeas já estavam dormindo, exaustas depois de um dia inteiro de aventuras – cavalgadas, nadadeiras no lago e uma competição acirrada de quem fazia a melhor cara de monstro. Agora, finalmente sozinhos, o silêncio entre nós era confortável, mas eu sabia que algo pesava em sua mente.
— Rafa… — Ela começou, os dedos brincando com a taça de vinho. — Ainda penso nele às vezes. No que ele poderia fazer se um dia…
Não precisei que terminasse.
— Ele não vai sair, Flávia. Minha voz saiu mais firme do que eu pretendia. Nem ele, nem o pai dele.
Ela ergueu as sobrancelhas, surpresa.
— O pai dele?
“Merda.” Eu não queria tocar nesse assunto aqui. Não agora. Mas os olhos dela exigia