(Narrado por Bia)
O lago brilhava como um espelho quebrado, cheio de risquinhos dourados do sol. A Tia Flávia estava sentada na grama com aquele pincel mágico dela, fazendo um quadro que parecia até de verdade. Eu e Mel estávamos desenhando dragões – o meu era rosa e cuspia flores, o dela era azul e tinha olhos de águia (ela disse que dragões de verdade não cospem flores, mas eu ignorei).
Foi quando o Tio Rafa apareceu.
Ele veio todo quietinho, igual o gato da vizinha quando quer roubar comida. Aí ele começou a beijar o pescoço da Tia Flávia, e ela fez cara de "não tô vendo nada", mas piscou pra gente. Eu tentei não rir, mas o meu dragão ficou com a barriga toda tremida.
— Pinta eu aí princesa — o Tio Rafa pediu, com aquela voz grossa que ele usa quando quer alguma coisa.
A Tia Flávia virou e falou baixinho no ouvido dele. Eu só ouvi "presente" e "quarto", mas deve ter sido coisa boa, porque o Tio Rafa saiu correndo igual quando a Mel fala que achou chocolate escondido.
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