O silêncio da manhã era acolhedor, como se o apartamento inteiro tivesse decidido protegê-la por mais algumas horas. As cortinas deixavam entrar faixas suaves de luz dourada, que atravessavam o ar como braços de um sol cuidadoso. O aroma do chá recém-feito preenchia o ambiente com calma, como se dissesse: você está segura, por enquanto.
Helen despertou devagar. O peso no peito ainda estava ali, como um animal adormecido que podia acordar a qualquer momento. Os cílios tremeram antes de abrir os olhos, e por um instante ela ficou ali, em silêncio, ouvindo o mundo.
Ao lado da cama, sobre o criado-mudo, havia uma xícara fumegante, um livro com uma pétala marcando a página, e… uma presença.
— Katerina? — murmurou, com a voz áspera do sono.
A mulher elegante à poltrona levantou os olhos do livro, oferecendo-lhe aquele sorriso que carregava séculos de sabedoria e ternura.
— Bom dia, querida. — disse, fechando o exemplar com delicadeza. — Dormiu por quase doze horas. E graças a Deus, está bem