MERLYA
O alívio que senti ao ver Miguel bater a porta era físico, como se o gesso que envolvia meu coração finalmente tivesse rachado. Olhei para Alex, e ele estava me fitando com uma admiração que me fazia esquecer por um instante o acidente, a paralisia e a barriga de Natália.
Ele me puxou para um abraço. Não era o abraço cuidadoso do fisioterapeuta, mas o abraço apertado do homem. Eu retribuí com toda a força que minhas pernas em recuperação permitiam, enterrando meu rosto em seu peito.
— Você foi incrível — ele sussurrou no meu cabelo.
— Você não é a vítima que ele tenta fazer você ser, Merlya.
Aquelas palavras eram mais poderosas do que qualquer sessão de fisioterapia. O momento era nosso, carregado da adrenalina do confronto e da promessa do futuro. Foi ali, no meio da minha sala de estar, que ele me beijou de verdade, não como um terapeuta, mas como meu namorado. Foi um beijo lento, terno, uma confirmação silenciosa de que havíamos cruzado uma linha.
No dia seguinte, marcamos