Marquei uma consulta por telefone usando outro nome — e, claro, inventei também o nome do meu “animal”. Era a única maneira de garantir que ele não recusaria o atendimento. Se eu fosse ele, também não teria vontade de me ver.
Fiquei esperando na recepção, com o coração disparado, fingindo olhar revistas que não lia. As vozes, o som do telefone, o cheiro de desinfetante e o miado distante de um gato pareciam ampliar o desconforto que já me tomava. Quando ouvi chamarem o nome fictício, senti o estômago revirar.
— Ana Maria.
Levantei-me e segui a atendente até o consultório. Ele estava de costas, arrumando uns papéis sobre a mesa de inox. Cumprimentou-me sem erguer os olhos.
— Boa tarde. O que houve com o seu… — parou no meio da frase. Ao me encarar, congelou por um instante.
— Oi. — esbocei um sorriso tímido. — Eu precisava te ver. Achei que talvez não quisesse me atender, então… agendei uma consulta.
Ele me fitou por um tempo, em silêncio. A expressão era neutra, mas o olhar