Capítulo 17
“Certas presenças não precisam de palavras para invadir. Elas apenas existem. E ocupam.” — Marjorye Sandalo
Maeve Jhosef
O silêncio era mais denso que o carpete bege sob meus pés.
O quarto do hotel respirava numa calma abafada, enquanto a cidade lá fora pulsava em neon e promessas que não me pertenciam. As luzes de Seatlan recortavam a escuridão pelas frestas da cortina, como se quisessem lembrar que havia vida além daquela tensão suspensa entre duas camas de solteiro e duas malas semiabertas.
Isaac estava parado diante da sacada, o corpo levemente curvado, como se carregasse o peso de mil histórias que ele nunca se atreveu a contar. Não fazia barulho. Não se mexia. Mas era impossível ignorá-lo.
O terno escuro agora pendia de uma das cadeiras. A camisa social branca estava desabotoada nos punhos, e as mangas dobradas até os cotovelos revelavam antebraços marcados, não apenas por músculos, mas por cicatrizes que o tempo não soube apagar.
Do ângulo em que eu estava, sentada