Capítulo 35 – “Quanto mais ele se revela, mais difícil se torna lembrar de como era minha vida antes.”
Havia algo em Seatlan que me fazia respirar diferente. Como se a cidade me permitisse andar sem o peso do passado nas costas, mesmo que o passado insistisse em caminhar ao meu lado, vestindo camisas escuras e carregando silêncios profundos como os de Isaac.
Desde a sessão de tatuagem, algo havia mudado. Não exatamente entre nós, mas dentro de mim. Ver Isaac se despir — não só da camisa, mas de parte do seu mistério — foi como presenciar uma fenda se abrindo numa muralha que eu já acreditava intransponível. E o que vi ali... me tocou de forma que não soube nomear.
Ele não gemeu de dor. Não demonstrou incômodo. Apenas fechou os olhos como quem reza — ou talvez como quem se despede — e deixou que a máquina gravasse em sua pele as marcas que ele escolheu carregar. Fiquei ao seu lado, sentindo o zumbido da agulha pulsar dentro do meu peito como se fosse uma extensão do meu coração.
Naquel