Capítulo 34 – “Algumas marcas doem mais quando desaparecem do que quando nascem.”
Isaac Aubinngétorix
Cicatrizes falam.
Não importa o silêncio ao redor ou a quantidade de roupa que você vista para escondê-las — elas sempre encontram um jeito de gritar. Eu apenas escolhi o idioma com que queria que as minhas fossem ouvidas. Tinta. Arte. Dor transformada em traço.
Faz meses que comecei o processo de cobertura. Cada sessão era uma conversa entre meu corpo e minha memória. Uma batalha silenciosa entre o que eu perdi e o que ainda precisava construir. A decisão não foi sobre vaidade. Foi sobre poder. Sobre olhar no espelho e ver algo mais do que um passado que me rasgou por dentro e por fora.
Na manhã daquela terça-feira, Maeve entrou em minha sala como quem já faz parte. Sem cerimônias, sem perguntas desnecessárias. Trazia uma pasta de relatórios sob o braço e o cabelo preso de forma displicente, como se não quisesse chamar atenção — mas chamava, sempre chamava.
—Hoje você sai mais cedo,