Li Wei
Doze horas em um jato particular, seguidas por uma hora de direção tensa pelas ruas de Milão, tudo se resumiu àquele momento. Parado do lado de fora da porta dela, disfarçado como um ninguém, eu era um feixe de nervos e necessidade. Cada segundo que a porta permanecia fechada era uma agonia. E se ela não estivesse em casa? E se ela estivesse com raiva? E se ela não me quisesse ali?
Então, a porta se abriu. E lá estava ela.
Vestindo um moletom velho, o cabelo bagunçado, o rosto sem maquiagem. E ela nunca esteve tão linda. O choque em seus olhos, a forma como seus lábios se separaram, o bloco de mármore caindo de sua mão – cada detalhe se gravou em minha mente.
—Você disse para eu vir te pegar—, eu disse, a voz rouca, mal reconhecendo-a como minha. —Então, eu vim.
Foi tudo o que consegui dizer antes que a represa se rompesse. A distância, as telas, as famílias, as obrigações – tudo desapareceu. Eu a invadi, chutando a porta para fechar o mundo lá fora. O beijo foi um ato de pura