Siena Dal
Domingo na Fazenda Amoretti sempre foi uma instituição sagrada. Era o dia em que o trabalho parava, os telefones eram (teoricamente) silenciados, e a família se reunia em torno da longa mesa de madeira na varanda da casa principal para o almoço. Mas este domingo era diferente. Não era apenas uma reunião; era um conselho de guerra disfarçado de refeição em família.
O ar estava denso com o cheiro de molho de tomate cozinhando lentamente – a receita da minha nonna – e o aroma do café recém-passado, mas também com uma tensão protetora que era quase sufocante. Todos estavam lá. Meus avós, os patriarcas, sentados nas cabeceiras da mesa. Meus pais, que haviam deixado seus laboratórios para passar o fim de semana. Meus irmãos do café, com a pele bronzeada pelo sol. E os trigêmeos, uma trindade de intensidade: o cirurgião de Seul, a dermatologista do Rio e Clara, a gênia da TI, que parecia estar analisando a estrutura molecular do pão em seu prato.
Eu me sentia como uma joia frá