Capítulo 50 p2

Alejandro Albeniz

Quando saímos do tribunal, o calor sufocante do início da tarde parecia não me atingir. Meu corpo todo vibrava de uma energia diferente — não era apenas o alívio da absolvição, era algo mais, algo que vinha da mulher ao meu lado, segurando minha mão com tanta força quanto eu segurava a dela.

Paramos no estacionamento e eu olhei em volta, meio perdido.

— Vim de carona com o Sepúlveda... — murmurei, coçando a nuca.

Antes que eu pudesse pensar em qualquer solução, ela balançou as chaves diante dos meus olhos, sorrindo com timidez.

— Vim com o carro que você me deu.

O impacto dessas palavras me atingiu como um soco no estômago. Um soco bom, cheio de esperança.

Ela não precisava dizer mais nada. Estava ali. De verdade. Comigo.

Sem conter o impulso, segurei seu rosto entre as mãos e murmurei, quase em reverência:

— Você veio no carro que eu te dei…

Ela sorriu. Aquele sorriso. O sorriso que eu achava que nunca mais veria.

— Sim. E dessa vez, estou aqui de corpo e alma. —
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