Alejandro Albeniz
Quando saímos do tribunal, o calor sufocante do início da tarde parecia não me atingir. Meu corpo todo vibrava de uma energia diferente — não era apenas o alívio da absolvição, era algo mais, algo que vinha da mulher ao meu lado, segurando minha mão com tanta força quanto eu segurava a dela.
Paramos no estacionamento e eu olhei em volta, meio perdido.
— Vim de carona com o Sepúlveda... — murmurei, coçando a nuca.
Antes que eu pudesse pensar em qualquer solução, ela balançou as chaves diante dos meus olhos, sorrindo com timidez.
— Vim com o carro que você me deu.
O impacto dessas palavras me atingiu como um soco no estômago. Um soco bom, cheio de esperança.
Ela não precisava dizer mais nada. Estava ali. De verdade. Comigo.
Sem conter o impulso, segurei seu rosto entre as mãos e murmurei, quase em reverência:
— Você veio no carro que eu te dei…
Ela sorriu. Aquele sorriso. O sorriso que eu achava que nunca mais veria.
— Sim. E dessa vez, estou aqui de corpo e alma. —