Depois de ser expulsa da família Rodrigues, Juliana ficou sem absolutamente nada.Agora, sem o menor pudor, ela voltava a se apoiar na árvore frondosa que era Bruno, o que fazia Viviane ranger os dentes de raiva.Como aquela mulher, depois de destruir por completo a família Rodrigues, ainda conseguia viver tão tranquila, tão orgulhosa, como se nada tivesse acontecido?!Juliana deveria estar na lama, misturada à sujeira do chão.Deveria estar para sempre debaixo dos pés dela.Comparada à raiva que consumia Viviane, Juliana parecia muito mais calma.Ela lançou um olhar de soslaio para Viviane, a voz fria e o tom indiferente:— Então vamos ver no que isso vai dar.Três mulheres no mesmo palco... Ela estava curiosa para saber até onde aquilo iria.Logo, a silhueta de Juliana desapareceu diante delas.Catarina encarou Viviane, claramente contrariada:— Aquela frase que você soltou agora há pouco... Não foi praticamente um aviso indireto para a Juliana?Quando se conheceram, Catarina até ach
— Sr. Eduardo, Sra. Mariana, esta é minha irmã, Sabrina. — Disse Vinícius com naturalidade.Sabrina forçou um sorriso, delicado e quase inaudível, como o zumbido de um mosquito:— Sr. Eduardo, Sra. Mariana.Vinícius já havia contado tudo para a família com antecedência.Mas agora, com Sabrina ali, bem na frente deles, Eduardo e Mariana se surpreendiam com o próprio estado de espírito.Esperavam se emocionar, talvez até se comover... Mas o que sentiram foi algo completamente diferente.Sabrina parecia a eles... Estranha.Distante.Curiosamente, Juliana, por outro lado, despertava neles uma sensação familiar. Como se a conhecessem há anos.Essa comparação involuntária foi suficiente para que o casal escondesse o que realmente pensava.A verdade sobre a filha perdida da família ainda não havia sido revelada ao público. A ideia era fazer o anúncio naquela noite, durante o jantar de gala beneficente.Mas agora...— Vamos esperar seus irmãos chegarem antes de falar sobre isso. — Disse Eduard
As pessoas corriam em todas as direções, esbarrando umas nas outras.O burburinho era ensurdecedor, engolindo completamente a voz de Bruno, que se perdia no meio da confusão.Juliana acabou sendo levada pela multidão, avançando junto ao fluxo desordenado de corpos.Tudo ao redor era escuridão. Com a mão apoiada na parede, ela se guiava pelo tato, até que avistou à frente uma tênue fonte de luz.Antes mesmo que conseguisse controlar a sensação crescente de irritação, uma mão agarrou seu pulso de repente.A palma era áspera, marcada por calos que arranhavam sua pele, provocando uma leve ardência.Era uma mão de mulher.Juliana não reagiu. Deixou-se ser puxada, sem resistência.Elas seguiam em sentido contrário ao da multidão. E ali, no breu, podiam se mover com total liberdade.Enquanto caminhavam, Juliana percebeu algo incomum: na parede, traços sutis de pó fluorescente.Na mesma hora, tudo fez sentido.A fraca luz adiante permitia distinguir vagamente a silhueta da pessoa à frente, e o
Vanessa travou.Catarina perdeu a fala.Viviane, então, só conseguia encarar em silêncio.A verdade é que Juliana não tinha tantos inimigos à toa.Com uma boca afiada como a dela, era fácil entender por que tanta gente queria vê-la cair.Agora, o problema era claro: E se ela não fosse atrás?Todo o plano ruía ali mesmo.As três estavam agitadas, como formigas em óleo quente, completamente perdidas.Felizmente, ou não, Juliana percebeu o desespero delas. E, com um ar de desprezo divertido, finalmente falou:— Ir com você? Talvez... Não é impossível. Mas só se...Ela fez questão de prolongar a frase, saboreando o suspense, deixando as três quase sufocadas de curiosidade.Vanessa, com os olhos faiscando, rosnou entre os dentes:— Só se o quê?Juliana inclinou levemente a cabeça e sorriu, como quem oferece um presente envenenado:— Só se você me deixar brincar com aquele seu bichinho de estimação... O enfeitiçado.As luzes do corredor se acenderam subitamente.E no clarão inesperado, o ros
O quarto estava mergulhado em penumbra.No ar, um cheiro forte e adocicado de incenso impregnava tudo.Bastou inspirar uma única vez, e Juliana já sentiu o calor subir pelo corpo.Rapidamente, cobriu o nariz com a mão, tentando bloquear a entrada da fumaça.Meio curvada, os olhos semicerrados por causa da luz fraca, ela avançou com cautela.Foi então que ouviu, bem perto, uma respiração pesada e irregular.A respiração de um homem.Na parede, uma sombra começou a se aproximar.Quando a mão estava prestes a tocá-la, Juliana se moveu para a esquerda com um giro seco.Gustavo caiu no vazio.— Ju... — Chamou ele, a voz rouca, carregada de um desejo confuso, quase animal.Enquanto lutava para tirar os botões da camisa, ele avançava de novo na direção dela.Seu corpo ardia como se estivesse sendo queimado vivo. A mente já não funcionava.A única coisa que via, desejava, era ela, aquela figura esguia à sua frente.Juliana ficou em silêncio por alguns segundos.Então era isso...Como não conse
Como elas tinham conseguido convencer a Viviane? Isso estava bem longe das preocupações de Juliana naquele momento.No fim das contas, o plano delas tinha fracassado.Será que ela, Juliana, parecia mesmo tão frágil assim?Enquanto mergulhava nesses pensamentos, um barulho repentino ecoou do lado de fora. Alguém havia chutado a porta com força. Logo depois, uma voz feminina, aguda e acusatória, se fez ouvir:— Bruno, eu vi com meus próprios olhos! A Juliana entrou nesse quarto com o Gustavo...A porta se escancarou num estalo.A cama estava toda desarrumada, mas o quarto estava vazio.Passos apressados seguiram direto para o banheiro. Um grupo de pessoas surgiu e encontrou Juliana lá dentro.À frente, Catarina ficou visivelmente surpresa ao ver Juliana completamente vestida e com uma aparência impecável.Não era nada do que ela tinha imaginado.Juliana, serena, mantinha a expressão calma. Estava longe de parecer alguém que acabara de viver um momento íntimo. Pelo contrário, quem estava
“Vai lá.”“Vai lá?”Aquilo era uma armadilha. E Viviane sabia disso muito bem.Por mais tentadora que a proposta pudesse parecer, depois de ter caído nas armadilhas de Juliana tantas vezes, ela hesitou. Ficou parada, alerta, os olhos semicerrados de desconfiança.Não conseguia acreditar que Juliana estivesse sendo generosa ao ponto de ceder Gustavo assim, de mão beijada.Aquilo com certeza escondia alguma coisa.Antes que Viviane dissesse qualquer coisa, Gustavo, consumido pela dor e quase enlouquecendo por causa do feitiço, olhou para ela com os olhos vermelhos de sangue e gritou, furioso:— Sai! Se você encostar em mim, eu juro que te mato!Viviane congelou.Ela jamais tinha visto aquele lado de Gustavo.As lágrimas vieram sem aviso. Seus olhos se encheram rapidamente.— Guto… — Murmurou, entre soluços.Mesmo assim, ela tentou. Estendeu a mão, hesitante, na direção do braço dele. Seus dedos mal tocaram a barra da camisa quando um novo berro explodiu no quarto.— Eu disse: sai!Num mo
Viviane ainda tentou se fazer de vítima, buscando arrancar algum pingo de compaixão de Gustavo.Mas era tarde demais.Ele já tinha enxergado a verdadeira face dela há muito tempo.Sob o domínio cruel do feitiço, Gustavo se lançou sobre os lábios de Viviane, mordendo como uma fera descontrolada. Não havia nenhum traço de razão em seus atos.Viviane se debatia, desesperada.Sem conseguir respirar, seu rosto passou do branco para o vermelho em poucos segundos. Quando suas forças começaram a sumir e os movimentos se tornaram fracos, Gustavo subitamente se afastou.Um fiapo de lucidez voltou.Com um estrondo, ele bateu a porta do banheiro e se trancou lá dentro.Ligou o chuveiro de água fria no máximo. A banheira logo se encheu, e ele mergulhou o corpo inteiro na água gelada, tremendo da cabeça aos pés.Seus dentes batiam de frio. As palmas das mãos estavam tão tensas que ele se feriu sem perceber. O sangue vermelho se espalhou na água como tinta dissolvida.“Eu não posso tocar na Viviane.