Com o ronco do motor, a paisagem do lado de fora parecia correr em alta velocidade, como se o tempo quisesse escapar pelas janelas.
Fábio virou ligeiramente o rosto em direção à janela. Seu semblante estava visivelmente perturbado.
Juliana conectou o celular no carregador e perguntou:
— E sobre a Helena... Você sabe de alguma coisa?
Desde o momento em que entrou na fábrica, Juliana percebeu de cara que havia algo estranho com Fábio.
Os dedos dele se fecharam devagar, os nós brancos pela tensão.
Ele forçou um sorriso, tentando parecer despreocupado.
— Na verdade, não é nada demais. É que... Meu irmão. Ele foi assassinado aqui.
A imagem de João sendo esfaqueado por um criminoso era um pesadelo que ainda assombrava Fábio.
Durante aquele ano, ele só conseguiu seguir em frente à base de remédios.
Quando o sono não vinha, recorria a comprimidos, melatonina...
Levou tempo até começar a melhorar um pouco.
Juliana apenas disse um “sinto muito”, sem insistir no assunto.
Quando a gente toca, sem