CAPÍTULO 7
Casa dos Gomes.

No fim, Bruno não conseguiu terminar o que queria. Mariana passou o tempo todo chorando, chorou tanto que, no meio daquilo, chegou a vomitar. Qualquer ânimo que ele tinha desapareceu na hora.

Enquanto ouvia o barulho dela vomitando no banheiro, Bruno fez uma careta e gritou:

— Não vai me dizer que tá com alguma doença, né? Se tiver doente, vai se tratar. Não quero ninguém me passando nada.

Mariana saiu do banheiro enrolada no roupão, claramente sem graça. Não podia deixar que ele soubesse que era enjoo de gravidez, então pegou o celular e digitou: “Comi alguma coisa que não me fez bem.”

Bruno deu só uma olhada de lado na tela e não ligou muito. Mudou de assunto:

— Não esquece o que eu te falei. A Luísa quer comer algo mais leve hoje, vai lá fazer. Vou tomar banho e depois passo no hospital.

Ao ouvir que podia ficar longe dele, Mariana saiu correndo. Bruno franziu a testa, incomodado com a rapidez dela.

Depois do banho, já vestido, ele desceu e viu que Mariana tinha terminado de preparar a comida e embalado tudo. Ele olhou por cima e percebeu que tinha só uma porção.

— Só fez pra uma pessoa?

Mariana ficou sem entender, fez sinal de que era só pra Luísa mesmo.

Ela sabia que Bruno não ia querer comer nada que fosse feito por ela. No começo do casamento, Mariana se esforçava para preparar refeições pra ele, mas Bruno nunca tocava na comida, jogava tudo fora sem nem provar.

Com a expressão fechada, Bruno nem comentou mais nada. Jogou um cartão pra Mariana comprar ingredientes no mercado e pediu que ela caprichasse mais na próxima vez. Depois pegou a comida quente e saiu.

Quando ele se foi, Mariana finalmente soltou um suspiro cansado.

Olhou para o dorso da mão, tinha acabado de se queimar no vapor enquanto preparava a comida, a pele vermelha.

Ela não falaria nada pra Bruno, sabia que, se reclamasse, só ouviria deboche. Silenciosamente, pegou a pomada de queimadura e tratou o machucado sozinha.

Na verdade, Mariana já estava acostumada a se virar sozinha.

A irmã estava doente há anos, e ela não tinha mais ninguém no mundo. Pra falar a verdade, se um dia morresse, talvez nem tivesse quem cuidasse do corpo.

Foi nesse momento que Mariana recebeu uma mensagem do tio de Bruno.

Assim que leu, os olhos logo se encheram de lágrimas.

O tio dizia que se arrependia de ter apresentado ela ao Bruno, e que queria ajudá-la a sair daquela casa, inclusive, podia levá-la para fora do país.

E claro, a irmã também seria transferida para um hospital no exterior.

O mais importante: ele se comprometia a arcar com todos os custos do tratamento dela daqui pra frente.

Mariana sentiu um peso enorme saindo dos ombros.

Respondeu à mensagem cheia de gratidão, finalmente, agora ela não precisava mais ter medo do futuro.

Ela realmente poderia deixar aquele inferno para trás.

Enxugou as lágrimas, pegou o cartão que Bruno tinha jogado pra ela.

Já que estava de saída, pensou em, pelo menos, fazer algo de útil pela última vez, então foi ao mercado comprar comida pra encher a geladeira.

Ao sair do supermercado, acabou perdendo o ônibus.

Pensou que a casa não era tão longe assim, resolveu voltar a pé mesmo.

Mas, quanto mais andava, mais sentia que tinha algo estranho no ar.

Era noite, quase não havia ninguém na rua. O caminho estava silencioso, só cortado de vez em quando por um vento frio.

No meio desse vento, Mariana começou a perceber passos irregulares atrás de si.

Tudo ao redor era um breu, e o barulho das folhas balançando com o vento dava um clima ainda mais assustador.

Assustada, Mariana acelerou o passo. Só que, quando mal começou a correr, um grupo de caras apareceu por trás, fechando o caminho.

Ela parou, sem reação, e deu alguns passos pra trás.

O que parecia ser o líder, um rapaz de cabelo pintado, esfregou as mãos, rindo de forma nojenta:

— E aí, gata, que tal fazer companhia pra gente hoje?

O alarme disparou na cabeça de Mariana. Largou as sacolas e saiu correndo na mesma hora.

Mas, em questão de segundos, foi agarrada à força. Um pano molhado tapou sua boca e nariz. Bastou respirar por alguns segundos para perder completamente os sentidos.

Quando acordou, sentiu uma dor latejante na cabeça.

Logo lembrou do que tinha acontecido antes de desmaiar.

Testou os movimentos e percebeu, aliviada, que não estava amarrada. Rapidamente, pegou o celular e mandou mensagens de socorro para todos os contatos possíveis, torcendo para que alguém a ajudasse.

Assim que se certificou de que todos tinham recebido o pedido, notou uma notificação de mensagem não lida.

Era do médico responsável pela irmã. O coração de Mariana gelou na hora, tomada por uma sensação ruim.

Com as mãos trêmulas, abriu a mensagem. No visor, só apareciam poucas palavras, secas e diretas:

“Mudança grave. Urgente. Venha.”
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