CAPÍTULO 6
O coração de Mariana gelou na hora.

Ela entrou em pânico, balançando as mãos e tentando emitir algum som.

Mas Bruno nem olhou pra ela. Ficou examinando o cheque com calma, depois soltou um sorriso torto, jogando o papel no chão.

— Então foi pedir dinheiro pra Luísa escondido de mim? Mal se conhecem e já tá aí, sem um pingo de vergonha... Sabe, Mariana, eu até achei que você era menos gananciosa do que isso.

Ele foi chegando perto, a sombra do corpo grande engolindo Mariana. Os olhos dele tinham um brilho frio, o tipo de olhar que só anuncia problema.

Ela sabia que aquilo ia acabar mal. Já tinha sentido na pele o que era a raiva de Bruno, e nunca conseguiu aguentar.

Sentada na cama, começou a se encolher e tentar fugir.

Mariana balançava a cabeça, implorando, mas ele não tinha paciência nenhuma. Simplesmente a puxou e jogou de qualquer jeito no chão.

A vergonha de estar ali, completamente exposta, tomou conta dela. Fechou o corpo do jeito que conseguiu, só pra tentar manter um restinho de dignidade.

Bruno soltou uma risada gelada:

— Tá tentando esconder o quê? Não me diga que acha que eu sinto alguma coisa por você. Do jeito que você é, podia andar pelada na rua que ninguém olhava.

Mariana fechou os olhos, engolindo o choro, lágrimas escorrendo pelo rosto.

No fundo, sabia que ele nunca desejou de verdade uma mulher deficiente como ela. Quando ele a procurava, só a usava como objeto, enfiando o rosto dela no travesseiro, fingindo que era a Luísa.

No final das contas, pra Bruno, ela não passava de uma cópia barata, um passatempo, um brinquedo descartável.

Mariana cerrou os dentes, engolindo toda a dor sozinha. Esticou o braço para pegar o cheque de volta, aquele dinheiro era importante demais pra ela, não importava passar vergonha, não podia perder.

Ver aquela pressa toda só aumentou o desprezo de Bruno.

Com o rosto carregado, ele pisou forte na mão de Mariana, esmagando sem dó.

A dor foi tanta que ela ficou pálida, o corpo tremendo, sem conseguir emitir um som.

Bruno ficou olhando para ela, frio, pegou o cheque do chão e rasgou em pedacinhos, deixando os fragmentos caírem como neve sobre Mariana.

Ela juntou aqueles pedacinhos, e as lágrimas escorriam, silenciosas, de tanta humilhação.

Ao ver o desespero dela por causa de dinheiro, Bruno não conseguiu esconder o nojo:

— É isso aí, né? Gente pobre só pensa em dinheiro. Se tá precisando tanto assim, por que não pede pra mim direito? Se eu estiver de bom humor, ainda te dou algum trocado. Pelo menos não passa vergonha pedindo pros outros, me fazendo pagar esse mico.

Enquanto falava, se abaixou e apertou o rosto de Mariana, obrigando a levantar a cabeça.

O rosto dela, cheio de marcas de lágrimas, parecia ainda mais frágil, com aquele jeito doente e solitário que quase dava pena.

Por um instante, Bruno sentiu algo estranho, mas logo esfregou o polegar com força nos lábios dela.

Mariana se encolheu de dor, virando o rosto, mas esse movimento só serviu pra irritar ainda mais Bruno.

O olhar dele ficou escuro. Ele agarrou Mariana e jogou na cama, subindo em cima dela logo depois.

Mariana sabia muito bem o que vinha a seguir, e, com medo de machucar o bebê, lutou com todas as forças pra se soltar.

Num movimento sem querer, a palma da mão de Mariana passou raspando no rosto de Bruno.

O ambiente ficou pesado na hora. Mariana olhou apavorada enquanto Bruno virava devagar o rosto para ela, o olhar tão frio e ameaçador que parecia anunciar tempestade.

Tentando evitar o pior, Mariana usou os gestos para pedir desculpa, mas Bruno agarrou seus pulsos e os prendeu acima da cabeça, rosnando com raiva no ouvido dela:

— Mariana, teve coragem de me bater? Quer morrer?

O medo foi tanto que ela começou a chorar baixinho, como um gatinho assustado, o que só aumentou ainda mais a raiva de Bruno.

Como de costume, ele virou Mariana de costas, forçando o rosto dela contra o travesseiro e ignorando qualquer tentativa de resistência.

Foi então que o celular de Bruno começou a tocar sem parar.

Ele atendeu, irritado:

— O que é?!

Do outro lado, silêncio por alguns segundos, até que uma voz trêmula respondeu:

— Bruno, você não disse que só ia pegar umas coisas? Até agora não voltou… Eu tô com medo aqui sozinha no hospital.

Bruno olhou para o visor e só então percebeu que era Luísa. Ao notar o próprio tom agressivo, amaciou a voz:

— Tô resolvendo um negócio, daqui a pouco apareço aí.

Luísa respondeu com um “tá bom”, quase sussurrando, e desligou.

Assim que a ligação caiu, ela ficou furiosa. Atirou o celular no chão com força, os olhos brilhando de ódio.

Já estava com os olhos vermelhos de tanta raiva.

Não era boba, só de ouvir o tom rouco, carregado de desejo, na voz de Bruno e o choro abafado ao fundo, dava pra imaginar muito bem o que ele e Mariana estavam fazendo.

Quanto mais pensava, mais revoltada ficava:

— Que mulherzinha sem vergonha… Mal pegou meu dinheiro, já tá correndo atrás do meu homem. Muda desgraçada! Você quer guerra? Vai ter guerra.

Pegou o celular de novo, mandou uma mensagem pra um número e, quando recebeu a resposta, soltou uma risada fria, com um olhar assustador de tanta maldade.
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