Mais tarde, quando todos se foram e a casa está mergulhada em uma paz rara, Jade e eu ficamos na cozinha, lavando a louça em silêncio. As mãos ocupadas, mas os pensamentos barulhentos.
Até que ela fala, sem me olhar diretamente:
— O que você ouviu?
— O suficiente. — respondo, enxaguando um copo com cuidado.
— E...?
— E que eu tenho muito a fazer. Muito a reconstruir. — Suspiro. — Mas estou disposto. Se você deixar.
Ela me encara por um segundo. Depois volta os olhos para a pia.
— Não é fácil confiar de novo.
— Eu sei. Mas eu não vou pedir isso agora. Só... deixa eu mostrar. Um dia de cada vez.
Ela sorri de leve, com um canto da boca.
— Um dia de cada vez.
Rigel entra na cozinha com os cabelos ainda úmidos e bagunçados do banho, vestindo um pijama estampado com foguetes e estrelas. Está com os pezinhos descalços e os olhos já meio pesados de sono. Atrás dele, Dona Helena aparece sorrindo, enxugando as mãos com um pano de prato.
— Mãe... — ele chama, já caminhando até Jade com os braci