O sol ainda nem apareceu direito, mas eu já estou de pé. Terminei de vestir a camiseta, pego o café quase frio na caneca e dou mais uma olhada no relógio da parede. O tempo sempre parece mais curto quando a noite anterior foi longa demais.
Rigel mastiga devagar o último pedaço do pão com requeijão, ainda com cara de sono. Tá todo torto na cadeira da cozinha, com a camisa do uniforme meio amassada e uma meia caída. Termino de fechar o cadarço do tênis dele e ajeito o colarinho da blusa.
— Bora, campeão. Hoje tem passeio da escola, lembra? — falo baixinho, tentando fingir leveza, mas minha cabeça ainda tá cheia dela.
Ele assente com um resmungo, esfregando os olhos.
Ouço o som das escadas de repente e, segundos depois, Jade aparece na cozinha, ofegante, com o cabelo preso de qualquer jeito e o jaleco nas mãos.
— Bom dia — diz rápido, tentando prender o crachá no bolso do jaleco com uma das mãos enquanto calça o tênis com a outra.
— Dia — respondo, sem levantar muito o olhar. Só o sufic