A pousada é minúscula e parece saída de um filme de terror: paredes descascadas, madeira envelhecida pelo tempo e marcas umidade, entre outras que deixavam óbvio que a área não é segura, o que percebi assim que entramos naquele bairro. Dona Marta, a dona do local, surgiu como um contraponto absurdo àquele cenário. Uma senhorinha agradável, de cabelo prateado e sorriso fácil veio empolgada nos recepcionar.
— Aqui é simples, mas está tudo limpinho e é aconchegante — disse, piscando um olho enquanto nos guiava pela escada de madeira que rangia a cada passo. — Deram sorte que desocuparam um quarto agorinha.
O tal quarto era uma piada de mau gosto: duas camas de solteiro separadas por um vão que mal cabia um suspiro. A cortina de flores desbotadas dançava com a brisa que entrava pela janela sem vedação, o assoalho gemendo a cada movimento, e o cheiro... Ah, o cheiro era a única coisa agradável ali– roupa lavada com sabão de coco e um leve traço de baunilha.
— Perfeito — murmurou Lucky, de