MIRELA
Eu nunca gostei de voar. Nunca tive medo também… mas, naquele voo, alguma coisa em mim parecia diferente. Talvez fosse o fato de estar com o Thiago do meu lado, com a cabeça no peito dele, ouvindo os batimentos fortes que me acalmavam mais do que qualquer calmante. Talvez fosse o bebê, crescendo dentro de mim, me deixando mais sensível e mais atenta a tudo.
Ou talvez fosse só a paz.
Aquela paz que eu ainda estava me acostumando a sentir, mas que já me fazia bem demais.
Dormimos boa parte do voo. Quando o piloto anunciou que estávamos próximos de pousar, Thiago ajeitou meus cabelos e beijou meu ombro. A gente se olhou por alguns segundos em silêncio. Não precisava dizer nada. Ele estava feliz. Eu também. E o mundo, pela primeira vez em muito tempo, parecia estar do nosso lado.
O jatinho pousou suavemente numa pista pequena, cercada por coqueiros altos e céu azul quase pintado à mão. Assim que descemos, uma brisa quente e salgada me acertou o rosto, bagunçando meus cabelos e me