MIRELA
Eu não sei explicar o que senti quando vi o Rodrigo parado ali na frente da casa na manhã seguinte, me esperando sair. Era como se o ar sumisse dos meus pulmões e tudo ao redor ficasse borrado. Ele estava diferente. Pior do que já estava da última vez. Olhar perdido, barba mal feita, os olhos vermelhos, pupilas dilatadas. Não era mais o Rodrigo que um dia me fez acreditar no “felizes para sempre”. Não era o Rodrigo que eu me casaria e teria três filhos. Era só um vulto do que sobrou dele. Um vulto muito assustador e perigoso.
— Mirela… — ele disse com aquela voz rouca e trêmula, parecendo prestes a chorar ou explodir. — Vamos embora, meu amor. Vamos resolver isso direito.
Meu corpo inteiro tremia, mas mesmo assim fiquei firme. Não ia correr, não ia me abaixar, não ia mostrar medo. Pelo menos tentei.
— Eu não vou a lugar nenhum com você — respondi firme. — Acabou. Já entendeu isso, Rodrigo? Acabou!
Ele balançou a cabeça devagar, com um sorrisinho irônico nos lábios rachados. De