MIRELA

O som do monitor cardíaco apitando irregularmente dentro daquela ambulância era o som mais apavorante que eu já tinha ouvido na vida. Era como se cada bipe fosse uma contagem regressiva pro pior acontecer, pra vida do Thiago escorrer pelos fios, pelo sangue, por tudo que eu não conseguia controlar.

Eu segurava a mão dele com força, mesmo sabendo que talvez ele nem sentisse mais. Os olhos dele fechados, os lábios pálidos… E o sangue... Deus, o sangue não parava. Eu tentava não olhar, mas era impossível. Estava em mim. Nos meus braços, grudado na minha pele, nas minhas roupas. Era como se o Thiago estivesse morrendo em cima de mim e eu não pudesse fazer absolutamente nada pra impedir.

— Aguenta, por favor... — sussurrei com a voz embargada. — Eu não vou deixar você sozinho, ouviu? Não vou.

A enfermeira ao meu lado trocava olhares tensos com o médico da ambulância, mas ninguém dizia nada pra mim. Não precisavam. Eu via nos olhos deles a dúvida. Eles estavam tentando, mas nem eles