O interior da SUV de luxo estava silencioso, mas o ar parecia denso. Clara ajeitava a alça da bolsa no colo, olhos fixos no horizonte da cidade dourada que parecia desfilar diante da janela. Talita ao lado mexia no celular, distraída, até que o som da voz de Léo quebrou o silêncio com uma frieza disfarçada de preocupação:
— Clara… só te peço uma coisa.
Ela virou o rosto. A tensão nos olhos dele era clara.
— Não assina nada.
— Como assim? — perguntou, com o cenho franzido.
— Contrato de última hora. Proposta relâmpago. Convite com palavras bonitas e números mágicos. Tudo isso parece uma cortesia… até virar uma coleira — disse ele, sem rodeios. — Você já viu o mercado. Gente desesperada fecha negócio por vaidade e depois passa os próximos cinco anos engolindo cláusulas.
Talita levantou os olhos do celular, curiosa.
— Isso tem a ver com o Gianluca?
Léo soltou o ar, olhando direto pra Clara.
— Não tô dizendo que ele é desonesto. Tô dizendo que ele é ambicioso. E homens ambiciosos com pode