O céu de Vinhedo amanhecia com uma tonalidade opaca, como se a cidade pressentisse que algo estava prestes a desmoronar.

Havia um peso no ar — não apenas o das nuvens carregadas, mas o de verdades antigas prestes a emergir.

Caio estacionou em frente à sede da Ventura Holding, onde o espelho de vidro refletia o céu encoberto como um presságio. Não costumava aparecer ali desde que o pai o afastara dos conselhos e das decisões executivas. Na verdade, evitava aquele prédio como se fosse um templo ao qual havia sido banido. Mas aquela manhã não era sobre negócios. Era sobre dignidade. Sobre encarar fantasmas — e vivos.

Caminhou com passos firmes pelo saguão, sem acenar para ninguém. Os funcionários desviavam o olhar, como se sentissem que aquela visita não era casual. O elevador demorou mais que o normal, ou talvez fosse o tempo que sua raiva demorava para se organizar em palavras.

Quando chegou ao último andar, onde ficava a sala de comando do império da família, bateu à porta apenas por