CAMILA
Acordei antes do sol nascer.
O quarto ainda estava mergulhado em penumbra, e por um momento, achei que tinha sonhado com tudo aquilo: o jantar, o silêncio desconfortável, o olhar gélido de Leonardo e as palavras afiadas de Dona Elisa tentando costurar uma conversa impossível. Mas bastou lembrar a tensão na mesa e o som das taças tilintando no silêncio para saber que não era sonho. Era só a realidade, do jeito cru e inevitável que ela sempre se apresenta.
Levantei devagar e caminhei até o banheiro. A banheira branca e profunda, cercada por mármore claro, parecia um convite. Abri a torneira e deixei a água quente correr, observando o vapor subir e se espalhar como uma névoa nova. Pinguei algumas gotas do óleo que Dona Elisa tinha deixado no canto, algo com cheiro de lavanda e amêndoas.
Quando mergulhei o corpo, fechei os olhos. A água quente envolveu minha pele como um abraço que eu não sabia precisar. Por alguns minutos, deixei o mundo inteiro de lado. Só havia o som suave da ág