O som do motor do carro ecoou pelo pátio da mansão, e, por instinto, olhei pela janela do escritório.
Minha avó desceu primeiro, apoiando-se na bengala, e Camila veio logo atrás, equilibrando um número absurdo de sacolas. O motorista mal dava conta de tudo.
Fiquei alguns segundos observando a cena. Minha avó sorria e, não era aquele sorriso educado de quem finge gentileza para visitas, era um sorriso verdadeiro, sereno e raro.
Fechei a pasta de relatórios e me afastei da janela. Encontrei as duas no hall minutos depois. Minha avó estava animada, quase como se não estivesse doente, enquanto os empregados carregavam as compras para o quarto de Camila.
— Compraram o shopping inteiro? — perguntei, cruzando os braços.
— Não exagera, querido — disse minha avó, com a naturalidade de quem ignora o peso da ironia. — Apenas o necessário pra uma moça que finalmente vai viver direito.
Camila pareceu um pouco constrangida.
— Foram só algumas coisas, Leonardo. Sua avó insistiu.
— Eu insisto por boa