CAMILA
Subi as escadas devagar, tão devagar que duvidei que eu mesma estivesse controlando meus passos. Minha cabeça estava longe, muito longe, ainda presa no jardim, no banco de pedra, naquele instante em que tudo entre nós deixou de ser apenas uma conversa.
Meu coração não seguia nenhum ritmo previsível; estava livre, desordenado, como se tivesse sido libertado depois de semanas preso em algum lugar escuro.
E meus lábios…
Só de lembrar, minha pele inteira arrepiava.
O beijo.
Não o do hotel, que tinha sido intenso, urgente, uma explosão. Mas o que tinha acabado de acontecer. O beijo que veio devagar, intencional, profundo, cheio de camadas que eu nem sabia que poderiam existir entre nós.
O beijo que disse mais do que qualquer palavra.
Quando fechei a porta do quarto, soltei o ar que estava presa há tanto tempo que meus pulmões doeram. Apoiei as costas contra a madeira, sentindo minhas pernas fracas, como se tivessem sido feitas de líquido. Passei as pontas dos dedos pelos lábios e ai