Eu não consegui sair daquela sala como se nada tivesse acontecido.
Camila ainda estava ali, com o celular na mão, o rosto pálido demais para alguém que dizia estar “bem”. Ela estava abalada. Eu vi e aquilo me incomodou de um jeito que nenhuma negociação difícil, nenhum contrato milionário ou crise empresarial jamais conseguiu.
— Se precisar de qualquer coisa… — comecei, mas parei no meio da frase.
Camila me olhava como quem estava equilibrando um elefante nas costas.
— Eu só preciso de um pouco de silêncio agora. — Ela disse, com cuidado. — Para organizar a cabeça.
Assenti e não insisti. Mas também não fui embora de verdade.
Observei enquanto ela se sentava no sofá, os ombros tensos, o olhar perdido em algum ponto invisível. Aquela imagem ficou gravada em mim quando deixei a sala e fui para o escritório. Fechei a porta com mais força do que pretendia, encostei as mãos na mesa, respirando fundo.
Camila estava protegendo o irmão. Sempre esteve. E isso dizia muito sobre quem ela era.
Se