Silêncios Partilhados
Na manhã seguinte, a casa ainda carregava o peso do que acontecera na noite anterior. O som do copo estilhaçando no chão parecia ter se infiltrado nas paredes, no piso, nos gestos contidos.
Até mesmo os pássaros, normalmente barulhentos no quintal, pareciam mais calados.
Artur despertou cedo, mas demorou a se levantar. Ficou olhando o teto por longos minutos, os pensamentos embaralhados.
O tremor nas mãos do pai, o silêncio tenso de Clara, os olhos assustados de Gabriel, tudo isso o atravessava como um fio de navalha.
Ao descer, encontrou Lara na cozinha, já vestida com uma camisa de algodão e jeans, o cabelo preso em um coque prático.
Ela mexia distraída uma panela de mingau no fogão, enquanto Gabriel, sentado à mesa, desenhava com lápis de cor.
O menino olhou para Artur com um sorriso contido. Estava melhor, mas ainda sensível.
— Dormiram bem? Perguntou Lara, com um sorriso tênue.
— Dormimos, sim. E você?
Ela apenas assentiu. O silêncio entre ele