Fraturas Silenciosas
A sala de jantar estava iluminada por luzes quentes e suaves. As velas centrais sobre a mesa longa de madeira maciça lançavam sombras delicadas nas paredes de pedra.
A casa, viva de risos e aromas, pulsava com aquele calor raro das noites em que a família se reunia de verdade.
Lara ajeitava os pratos, o avental ainda amarrado à cintura, enquanto Clara colocava os guardanapos bordados com capricho ao lado de cada talher.
Gabriel, empolgado com a presença de todos, usava fones com música suave e organizava pequenos brinquedos no canto da mesa, como se fosse seu ritual de preparação.
Artur chegou da cozinha com a travessa de arroz de forno, sentindo o coração leve.
Tinha a sensação rara de pertencimento. Olhou para Josué, sentado à cabeceira da mesa, e pensou que finalmente havia reencontrado o pai em sua forma mais humana.
Forte, mas tranquilo.
Discreto, mas presente.
Os copos tilintaram com os brindes. Clara sorriu para Josué, que respondeu com um olhar terno