A Viagem da Coragem
A aurora mal tremulava no horizonte de Paris quando o táxi se aproximou do terminal Charles de Gaulle. O céu, ainda carregado de nuvens cinzentas, ofuscava o brilho dos letreiros.
Lara apertou o passaporte contra o peito, sentindo o papel gasto recordar-lhe as inúmeras brasas que já apagou em sua vida.
Ao lado, Artur ajeitava os papéis do processo provisório: a autorização judicial era a bússola que os guiaria até Gabriel.
— Ainda consegue ouvir meu coração? Lara sussurrou, mais para si mesma.
— Está batendo forte por nós dois. Artur respondeu, com um riso tenso.
— Vamos trazer o Gabriel de volta.
Ela assentiu, engoliu seco e adentrou o saguão, onde um mar de idiomas se entrelaçava com o som das malas sobre esteiras.
Lara sentiu o corpo leve, como se cada passo dissipasse um pouco do medo. Mas bastava fechar os olhos para ver o rosto do filho, a formiga corajosa que enfrentara tempestades diárias para sorrir.
Na área de desembarque, Anne, sempre pontual, agua