Vozes da Memória
A manhã nasceu envolta em névoa, cobrindo os campos com uma camada suave como se a própria terra pedisse silêncio. Na cozinha, Clara preparava mingau de aveia com raspas de maçã e canela.
O cheiro doce se espalhava lentamente pelos cômodos da casa, como um convite gentil para despertar.
Lara entrou de mansinho, enrolada em um xale de lã, e beijou a testa da sogra com carinho.
— Ele dormiu bem? Perguntou, referindo-se a Josué.
Clara assentiu com um sorriso sereno.
— Teve alguns momentos de confusão durante a madrugada. Acordou perguntando pela mãe, mas depois reconheceu o quarto, me chamou pelo nome e voltou a dormir.
Lara a abraçou por um instante, sentindo o peso que Clara carregava com tanta delicadeza.
— Você é a razão de ele ainda se manter ancorado.
— Nós todos somos. Corrigiu Clara, apertando a mão da nora com firmeza.
No andar de cima, Josué já estava acordado. Sentado à beira da cama, observava a moldura com a fotografia de sua juventude ao lado de