Onde o Amor Permanece
Na manhã seguinte, o sol filtrava-se em listras douradas pelas persianas do quarto de Josué.
Clara estava sentada ao seu lado, observando o movimento leve de seu peito subir e descer. Ele ainda dormia, o rosto sereno, mas marcado pela noite anterior.
Havia uma ternura silenciosa nos gestos de Clara.
Ela tocava os lençóis, ajeitava com delicadeza a manta aos pés da cama e, por instinto, cantava uma melodia antiga.
Aquela canção vinha de outros tempos, de tardes de domingo no campo, de danças lentas no quintal da juventude.
Quando Josué abriu os olhos, levou alguns segundos até reconhecê-la. Mas ao ouvir a canção, sua boca se curvou num leve sorriso.
— Ainda canta essa música? Perguntou com a voz rouca.
— Sempre. Você só havia esquecido por um tempo.
— Tem sido difícil lembrar até das coisas mais simples.
Clara segurou sua mão.
— E mesmo assim, você continua aqui. Ainda ama, ainda sente.
—Isso é o que importa, Josué.
Na cozinha, Artur preparava café. Era cedo,