AYLA
.
.
O estalo ecoou pela casa, mergulhando-nos em uma escuridão opressora. Mas não era apenas a ausência de luz. Era algo muito pior. Era como se a própria noite houvesse ganhado forma, como se aquele maldito anjo invisível estivesse nos espreitando, esperando o momento certo para nos destruir.
Meu corpo se arrepiou de imediato. O ar tornou-se denso, pesado, sufocante. Um terror primitivo tomou conta de mim antes mesmo que eu tivesse consciência plena do que estava acontecendo. Foi instintivo. A presença gelada dele roçou minha pele, e eu soube. Ele estava ali.
Minha respiração falhou. O medo me fez congelar no lugar, e mesmo assim, minha mente gritava para que eu corresse, para que me escondesse, para que fizesse qualquer coisa além de permanecer imóvel, esperando pelo inevitável.
E então, a voz ecoou pela casa.
Minha garganta secou, e meu estômago revirou. A ameaça foi clara, cortante como uma lâmina afiada, antes que qualquer mudança pudesse acontecer, antes que nossa decisão