A casa estava em silêncio.
O tipo de silêncio que não se impunha — apenas existia. Como se a madeira, as paredes, o vento lá fora soubessem que aquela noite era delicada demais para sons bruscos. Tudo parecia caminhar mais devagar. Até o tique-taque do relógio na parede da cozinha soava menos impaciente.
Melody demorou mais do que o normal para subir as escadas.
O corpo ainda doía em pontos específicos, uma lembrança sutil de tensão acumulada. Mas era um cansaço diferente — não o cansaço do medo, e sim o de quem, pela primeira vez em muito tempo, havia passado o dia inteiro tentando simplesmente… existir.
Ela se despiu com cuidado. Não usava mais as faixas. Jogara fora, como se jogar um pedaço de armadura significasse também deixar cair parte da guerra. Mas ainda levava os ombros curvados, como se o corpo não soubesse como ocupar espaço sem medo.
A água na bacia estava morna. Melody lavou o rosto, a nuca, a parte de trás do pescoço. A toalha pendurada cheirava a sabão simples e sol, o