Melody estava nervosa. Muito mais do que gostaria de admitir. Parada na calçada de terra batida diante do pequeno armazém de Belmond, as mãos crispadas no tecido do vestido, sentia a garganta seca e o estômago revolto como se tivesse engolido uma dúzia de borboletas desorientadas. Podia ser o calor, podia ser o dia abafado, mas ela sabia que era mais do que isso. Era medo. Medo de ser reconhecida, de ser julgada, de ser olhada como aquela mulher, a que um dia trabalhou na Casa do Sol Nascente. Seu peito se apertava ao imaginar cochichos, olhares enviesados, algum riso abafado por trás de um lenço floral.
Estava arrumada com esmero, vestia o melhor vestido que levara consigo para Belmond — um azul pálido de mangas curtas e saia rodada, com pequenos bordados de linha branca no busto, uma das últimas adaptações feitas por Ida, costureira de Esperanza, inspirada nos modelos mais discretos usados pelas mulheres da igreja local. O vestido não dizia quem ela fora, dizia apenas quem ela queri