E havia água

O fim do dia chegava como uma prece. O sol já começava a declinar no horizonte, tingindo o céu de um dourado frio, quase metálico. A marcha seguia cansada, os passos dos homens lentos, os bois ainda mais.

Foi um boi velho quem primeiro sentiu.

Melody o viu levantar a cabeça com lentidão. Esticou o pescoço. As narinas se abriram uma vez. Depois outra. Ele congelou por um instante, como se o mundo parasse ao redor do cheiro. Então berrou, um som mais largo que o corpo, mais fundo que a garganta.

O som se espalhou entre o rebanho como fogo em mato seco. Nem um coral ensaiado responderia tão em sintonia.

Outros bois começaram a erguer o focinho. Um novilho respondeu. Depois outro. Em segundos, o mugido se tornou um berreiro coletivo. O rebanho inteiro pareceu despertar de um torpor. Começaram a avançar, e rápido. Os cascos rasgavam a terra dura, empurrando os corpos uns contra os outros. Um grupo na frente ganhou velocidade.

Melody congelou. O som era mais que alto — era primordial, feito
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