A ultima noite.
O jantar foi alegre. Pela primeira vez em dias, o cheiro de feijão com carne seca não carregava apenas necessidade — havia ali algo que lembrava lar. Os homens comeram rindo alto, cutucando-se entre histórias de outras marchas, outras paragens. Sam exagerava nos gestos, Peter limitava-se a negar com a cabeça, mas sorria. Billy cantava desafinado, Cal fingia não ouvir. Até Tom, o resmungão, parecia de bom humor.
Alguns decidiram, com a barriga cheia e a alma um pouco mais leve, encarar a água gelada do rio. Desamarraram os cantis, pegaram as mochilas das celas e desceram para um banho rápido, mesmo que os dentes batessem de frio. Amanhã seria dia de cidade — a chegada a Belmonte estava próxima. Era quase um ritual: deixar para trás o pó da estrada, o suor acumulado, as marcas de bicho e de homem.
Melody observava de longe, invejosa. Queria aquele alívio, aquele rito de renascimento. Mas não se juntou a eles. Com um pano limpo e um pouco de sabão endurecido, subiu discretamente um trech