Celebrando a vida

— Segura firme. Se puxar torto, vai parecer que a costureira era cega.

— Não sou costureira.

— Eu sei. Por isso tô mandando você só segurar.

Melody riu, abafado. Ida enfiava a agulha no tecido com a precisão de quem já costurou dor pior do que pano torto. As duas estavam sentadas no banco estreito, ao lado da janela aberta, onde a luz da tarde entrava em ângulo suave. O baú ainda estava aberto no canto do quarto, exalando seu perfume antigo de cedro, tecido e lembrança.

O vestido azul-escuro descansava no colo da governanta como um animal paciente, sendo remendado para renascer em outro corpo.

— Ele era bonito demais pra ficar apodrecendo ali — disse Ida, mais pra si do que pra Melody. — Bom pano. Bom corte. Vai durar mais umas décadas, se bem cuidado.

Melody não respondeu. Estava olhando para os pontos minúsculos com uma atenção que fingia distração. O vestido era belo. Assustadoramente belo. E nele havia algo que não se podia desmanchar com linha nova. Um silêncio antigo parecia cos
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