A noite chegou sem avisar. O céu não se acendeu em cores, nem ofereceu um adeus dourado. Apenas escureceu. Rápido. Sem lua. Apenas vento gelado. Como se o mundo tivesse decidido apagar as luzes.
O gado continuava em marcha. Por inércia, por costume, por medo. Mas cada passo parecia mais pesado que o anterior. Já haviam deixado o chão pedregoso para trás, mas o gado se movia sem motivação, apenas seguindo a marcha dos bois líderes. Às vezes, um ou outro animal mugia pedindo pela água que nunca chegava. Os cavalos tinham no pescoço uma camada fina de sal, bufavam e também erguiam o focinho de vez em quando, desejando e farejando por água. Os cascos tropeçavam. As pernas falhavam. Um boi caiu e foi puxado de volta à marcha com gritos e varadas.
Os vaqueiros não falavam mais. Não havia força para conversa. Apenas comandos secos. Cortes rápidos de voz no escuro:
— Direita.
— Anda.
— Atrás dele.
Melody sentia o frio se infiltrando pelos ossos, mais cruel que a fadiga. O cavalo sob ela arfav