106. Tarde Demais Para Arrependimento
PG
Não sei há quanto tempo estou atrás desse volante, dirigindo feito um louco. A única certeza que tenho é que a imagem daquele maluco segurando a mão da Alice e olhando pra ela daquele jeito meloso não vai sair tão cedo da minha cabeça.
Sinto ciúmes. Confesso. Mas, ao mesmo tempo, sinto ódio, raiva e um desespero que nunca experimentei na vida. Sempre fui um vida loka que não se importava com nada além de mim mesmo. Se tem uma coisa que priorizo, é a minha liberdade. Mas só hoje percebo que posso ter sido tudo nessa vida, menos um cara livre.
Minha vida está toda amarrada no tráfico e na ganância pelo poder. Quanto mais eu tenho, mais eu quero ter. E penso que isso sim é viver, que felicidade significa ser o chefe, o manda-chuva, o cara acima de todos, aquele que dá uma ordem e vê sendo cumprida.
Mas depois de ver Alice sorrindo ontem ao lado daquele mauricinho e, hoje, da mesma maneira com aquele doutor, minha ficha cai. Minha alegria está nela, e, se não a tenho ao meu lado, nada