Capítulo 95

Saí de casa com o sangue fervendo. Ódio queimando por dentro, latejando na têmpora. Falei merda para Isabela, mandei ela embora como se eu realmente fosse capaz de deixar. Mas era conversa fiada. Eu podia fazer qualquer coisa nesse mundo, menos deixar aquela mulher sair da minha vida. Eu era doente por ela. E talvez por isso mesmo a gente estivesse se destruindo.

Fui direto para a boca principal. O barraco fervia, os cria na atividade, o fuzil passando de mão em mão, e eu já metendo um copo de whisky sem nem tirar a camisa. A favela respirava minha presença. A tensão de antes tinha dado lugar ao respeito, ou ao medo, que para mim era quase a mesma coisa.

— Joga essa porra aí, Nego. — pedi, apontando pro pó. Ele cortou na tampa do celular e passou para minha mão.

Cheirei fundo. O gosto da cocaína desceu queimando, e na hora senti o peito abrir. O corpo inteiro pulsando. O ódio deu lugar ao impulso. Curti com os parceiros, zoei, dei risada de merda nenhuma, botei som no último volume
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