Capítulo 47

Eu estava na cozinha, tentando me distrair enquanto preparava um brigadeiro, como se um pouco de açúcar fosse capaz de apagar o gosto amargo da decepção. O cheiro do leite condensado fervendo preencheu o ambiente, mas nada me acalmava. Minha cabeça rodava em círculos, batendo sempre na mesma parede: ele.

O celular vibrou em cima da bancada e eu, já no limite, quase deixei a panela cair no chão. Peguei o aparelho com as mãos sujas de chocolate. Era uma notificação do grupo com meus amigos.

Abri a imagem.

E meu estômago revirou.

Era ele. Playboy. Encostado numa garota qualquer, sorrindo como se não tivesse deixado uma mulher grávida sozinha em casa. Ela estava à vontade demais, e ele? Ele parecia em casa.

Gabriela mandou logo em seguida:

"Olha quem tá se divertindo enquanto você cozinha pra dois."

Fiquei ali, parada, encarando a tela como se aquilo fosse um tapa na cara.

— Filho da puta... — sussurrei, o sangue fervendo.

Joguei a colher dentro da panela. O brigadeiro queimava no
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