Eu estava na cozinha, tentando me distrair enquanto preparava um brigadeiro, como se um pouco de açúcar fosse capaz de apagar o gosto amargo da decepção. O cheiro do leite condensado fervendo preencheu o ambiente, mas nada me acalmava. Minha cabeça rodava em círculos, batendo sempre na mesma parede: ele.
O celular vibrou em cima da bancada e eu, já no limite, quase deixei a panela cair no chão. Peguei o aparelho com as mãos sujas de chocolate. Era uma notificação do grupo com meus amigos.
Abri a imagem.
E meu estômago revirou.
Era ele. Playboy. Encostado numa garota qualquer, sorrindo como se não tivesse deixado uma mulher grávida sozinha em casa. Ela estava à vontade demais, e ele? Ele parecia em casa.
Gabriela mandou logo em seguida:
"Olha quem tá se divertindo enquanto você cozinha pra dois."
Fiquei ali, parada, encarando a tela como se aquilo fosse um tapa na cara.
— Filho da puta... — sussurrei, o sangue fervendo.
Joguei a colher dentro da panela. O brigadeiro queimava no