Eu sabia que Playboy era controlador, obsessivo até o osso, mas colocar alguém para me seguir? Isso passou de todos os limites.
Desde que saí da casa da minha tia, senti. Um vulto constante, passos sincronizados com os meus. Um cara alto, boné enfiado até as sobrancelhas, tentando parecer discreto. Mas eu conhecia os olheiros dele. Era um dos seus soldados. Um recado silencioso: “estou te vigiando.”
Cheguei em casa com o sangue fervendo. Bati a porta com tanta força que a parede tremeu.
Playboy estava largado no sofá como se fosse dono do mundo, camisa aberta, tatuagens à mostra, cigarro entre os dedos. Um copo de uísque na outra mão. Me olhou de lado, preguiçoso, como se minha fúria fosse só mais um detalhe do dia.
— Você colocou alguém para me seguir? — cuspi as palavras, jogando minha bolsa no chão.
Ele tragou com calma, soltando a fumaça devagar, como se estivesse saboreando meu surto.
— Coloquei.
Só isso. Como se fosse a coisa mais normal do mundo.
— Que porra, Playboy! —