Ela ficou séria, e deu alguns passos na minha direção.
— Eu topo. — Eu nem te falei das minhas condições. — E tem condições? — Quando você pediu esse carro, você deu as suas condições, mas ainda está me chamando de babaca, porém eu tenho as minhas condições pra que você fique no meu apartamento. — E quais são? — Você vai passar uma semana andando comigo nos intervalos das aulas me chamando de meu amor, você vai pegar o meu café, vai me entregar e vai dizer: Está aqui meu amor, e vai todos os dias na minha sala e dizer: Boa aula meu amor. — Nem fodendo eu vou fazer isso. — Então nada feito, pode dar adeus ao meu apartamento. Eu saí andando e ela me interrompeu novamente. — Eu aceito. Eu olhei pra ela me sentindo vitorioso, enquanto ela estava com sangue nos olhos. — Eu não tomei café ainda, vamos? Ela saiu andando ao meu lado furiosa, e eu fiz o possível pra não rir da cara dela, afinal ela sabia esmurrar uma pessoa muito bem. Quando chegamos no refeitório, eu sentei em uma mesa e a amiga dela deu sinal com a mão pra ela ir até lá. — Não, eu não tomei café ainda. Eu falei, fazendo ela lembrar do nosso acordo. — Cadê o dinheiro? Eu tirei a carteira e dei o dinheiro pra ela, que pegou da minha mão com brutalidade. Eu fiquei observando ela ir pegar o café e me diverti com a situação, ela voltou e entregou na minha mão, e eu encarei ela esperando ela dizer a palavra mágica. — Está aqui o seu café, meu amor. Dessa vez não deu, eu gargalhei alto, e ela simplesmente pegou o café e jogou ele inteiro em cima de mim e saiu andando indignada. — Tudo bem querida, eu sei que foi sem querer. Falei alto o suficiente pra ela ouvir. Eu não vi mais ela pelo restante do dia, e eu agradeci por isso internamente, pois com a raiva que ela saiu da lanchonete, ela poderia me matar e esconder o corpo. Nos dias seguintes eu vi apenas a amiga dela na lanchonete, e eu comecei a achar estranho aquele sumiço, não que eu me importasse, afinal eu nem conhecia a garota ao ponto de sentir saudades, mas algo me levou a perguntar por ela. — Oi, tudo bem? Onde está a sua amiga? — Ah, você é o babaca que usou a condição dela pra humilhá-la? — Como assim? do que você está falando? — A Maya não virá mais, ela perdeu o emprego e não vai mais conseguir pagar os custos da universidade. Na mesma hora eu me dei conta que no momento em que fiz a brincadeira de muito mal gosto, ela estava agindo com desespero, na intenção de conseguir um lugar pra ficar, e consequentemente ter tempo de conseguir outro emprego e se manter na universidade. — Onde eu consigo encontrá-la? — Pra quê você quer saber? Você não já a humilhou o bastante? — Olha só, eu não queria humilhá-la, eu nem sabia o que ela estava passando, eu estava só brincando com ela, nem o nome dela eu sabia, fiquei sabendo agora que você falou. — Não sabia o nome dela e nem se deu o trabalho de perguntar. — Você pode me dizer onde eu a encontro, por favor? Eu prometo que vou tentar ajudá-la. A amiga dela ficou um pouco pensativa, mas depois suspirou derrotada. — Ela estava a pouco tempo no alojamento pegando o restante das coisas dela, não sei se ainda conseguirá encontrá-la, quarto 42, ala norte, segundo andar. — Obrigado. Eu saí correndo, sem nem entender o motivo de eu estar fazendo aquilo, algo além das minhas forças estava fazendo eu me movimentar feito um leão. Quando eu cheguei no alojamento, e bati na porta, ninguém atendeu, então eu abri, e ele estava vazio. — Droga, cheguei tarde. Eu me senti culpado, era como se eu estivesse pegando toda aquela responsabilidade pra mim. — O que você está fazendo aí? Uma voz atrás de mim me fez dar um salto, quando eu olhei pra trás, o meu coração rapidamente se aliviou. — Eu..eu..droga, você não pode sumir assim garota. — Você veio até aqui pra me cobrar sobre aquele acordo ridículo? Pode esquecer, eu não preciso mais me submeter a isso. — Não, eu vim te pegar pra levar pro meu apartamento.