Sentado à cama, a observar-me no espelho, o meu reflexo não reconheci, talvez nunca fui ou não estive em mim. Ária ainda ao lado de fora, a resolver sobre a minha estadia, a minha cabeça doendo, pesando, me vi perdido, arrependido não, mas perdido, sim, submerso, preso num leque de desconhecimento por todo o tempo que durou. As mechas de cabelos loiros, escurecidas pela nublarem cinzenta das chamas dos carros, a blusa surja, a calça impregnada, o meu rosto fora do normal, mas isso não incomodava em nada, a minha vida um caos. E se o meu avô voltasse? E se ele me quiser de volta? Depois de todo aquele circo?Não importa, a Parlato está em mãos estrangeiras, essa é a sua maior preocupação. Como pude me propor a uma união por dinheiro? Como ele pode confiar tanto em mim? Meu avô não tem culpa, conclui em meio aos pensamentos perdidos, junto a muitos outros que se somam.Quanto tempo passou, não percebi, não saberia dizer se ela voltou, quando voltou, acordo num dia claro vendo-a movendo
O haras sempre foi o meu refúgio, desde garota, não sei quando foi a minha primeira vez vindo a este lugar, mas de todas as boas lembranças na vida, sempre parte delas vem daqui, o meu refúgio, o meu campo, meu processo, aqui me tornei de menina a mulher, de uma tentante a uma boa garopeira, moleca e um dia também pensei que seguiria os passos do meu pai, sendo uma oficial. — Ele não pode ficar aqui! — Erick, sentado a minha frente na mesa, nem mesmo moveu um fio da sobrancelha ao escutar, indicando que concorda com o que Gregori diz. Mastigo a saliva na boca vazia, para onde levaria o Rodrigo? Tão abalado e abatido tanto quanto saiu do carro para o meu carro. — Tio Erick. — Suplico baixo, lhe vendo somente lamentar. — Você nem mesmo serve mais a corporação. — Gregori interpele rispidamente, me fazendo desviar os olhos do homem de aparecia cansada para o velho vigoroso mais a frente. — Apenas uns dias, por favor. — Você está se ouvindo, Ária? Como pode trazer nos envolver em algo
Respondo, a mulher que a minha frente parece não acreditar nas minhas palavras, sempre bem disposta, arrumada numa calça azul claro, com blazer e branca, os cabelos soltos acima dos ombros, seu humor não parecia nenhum pouco normal, seus olhos em mim talvez apontasse muita preocupação, eu só não saberia dizer com quem, comigo? Ouço a sua respiração profunda, por estar tão perto de mim. - Essa briga não é nossa, deixe o Rodrigo. — Ela me diz, quase de modo explicativo, sento-me na poltrona a frente da mesa de Erick notando que ele não está, demonstrando que eu tenho que aguentar isso sozinha, pela foto dele, com seus amigos, entre ele o meu pai também presente nela, prendo os meus olhos a observar a imagem. — Patrícia, está me ouvindo? — Minha mãe pergunta, como se eu não pudesse, desvio os olhos do porta retrato de madeira com a foto de homens fardados, para ela que agora próximo a mesa me olha cegamente. — Filha, me ouve, não queira confusão com o Diego, você não sabe do que ele é
Tudo que pude perceber de início, é que sou louco por esta mulher, sinto ciúme, e uma certa possessão, ao ponto de não pensar no que fiz por não saber viver mais sem ela, sentando-me a cama a observar seus passos, vir-me perdido, o que será de minha vida a partir de agora? Esperar que meu avô me perdoe, não parecia ser algo próximo a acontecer.Uma parte de mim até esperaria, mas a outra, tomada por decepção, suas palavras me contando tudo que fez no passado, para chegar onde está, me feri, magoa, eu quis esquecer e perdoar, olhando para a mulher a curta distância, sentir vergonha, e não era nem mesmo quando estava nu, o principal me faltava, o histórico da minha família me envergonhava, mas sobre a isso, eu não poderia fazer nada. — Então...— Ária retoma o assunto, após silêncio em que pensei comigo sozinho, sobre tudo o que o meu avô havia me dito, não, eu não quero mais voltar, embora as dificuldades batam a porta, a minha frente, juntando suas mãos em volta do meu pescoço, ergo a
É Como castigo, o Rodrigo e eu nos envolvemos, o neto do inimigo do meu pai, e eu, sentada à cama lhe vendo pensativo eu concluir isso sozinha, tirar o neto do homem que arruinou a minha família, dele, era o melhor, o seu único neto, seu sucessor, e ainda ter o poder de torná-lo seu concorrente, seu inimigo.Seu filho não é um homem que pudesse contar, finalmente consigo vingar o meu pai, passamos dois dias no haras pensando em mudar de cidade, Rodrigo simplesmente não se julga capaz de ir contra ao seu avô, ele não, mas eu sim. Entro pela segunda vez na minha casa e tudo vem a minha mente, aquele homem apontando a sua arma para mim, o seu jeito repugnante ao me olhar, suas palavras ao falar do meu corpo, eu o matei e o mataria novamente agora, o seu odor repugnante vem a minha mente e em seguida o cheiro do sangue a se espalhar pelo chão da minha sala, passo pelo lugar relembrando cada detalhe daquele dia fatídico, eu me tornei uma assassina, de qualquer maneira isso aconteceria em
Rodrigo Parlato 3 anos antes — Calma meu neto, falta pouco logo ela será toda sua, para sempre! — A voz calma e e acolhedora do meu avó soou em meus ouvidos como um sussurro. Sentindo a sua mão firme apertar o meu ombro esquerdo, o que me fez olha-lo, sorri para o homem de cabelos grisalhos, olhos tão azuis como os meus, feito um mar sereno me olhando nos olhos, deixando-me mais seguro. Os meus batimentos aumentam a cada passo, sinto batidas múltiplas em mim, o suor percorrendo a minha testa, deslizando por meu rosto até descer o pescoço, sentindo-me nervoso, tenso, fecho as mãos buscando me controlar, o sangue pulsando acelerado em minhas veias, em disparada a marcha nupcial inicia, o que me faz outra vez olhar para a entrada, vendo ela, a mulher que eu amo, ela está linda, marvilhosa a caminho, vindo para mim. A sua beleza como sempre me deixando sem palavras, abro um sorriso satisfeito, deslumbrado com a mulher que acompanho no entrar, tão bela, minhas pernas tremem, sinto-
Aria Duarte 2 Anos antes... Nada se compara a sensação de liberdade no livre galope, o encontro do vento com a pele, os fios de cabelos deixando as madeixas soltas, tornando-se desamparadas entregues ao vento a cada salto, a mistura do ar limpido junto as batidas amparadas de um coração. A cada saltar dentro do peito que se acelera e ao mesmo tempo acha a calma, o encontro de ir para cima epara baixo como quem encontrar o chão. O gosto de ser livre, ser quem sou a cada respirar, entrego-me a cada salto, o galope fumegante, a liberdade sentida que me faz fechar os olhos é como se eu e o meu cavalo fôssemos apenas um, um único ser, somente um coração, com quem compartilho cada emoção a flor da pele em cada passo, a cada salto. — Ária! — O que faz de cada encontro ser único, pois infelizmente que algumas vezes é interrompido, mas afinal tudo que é bom, dura pouco. — Ária? Preciso falar com você! — A voz feminina mediana me chama desta vez a mostrar algo na mão. — Ei Ária! — As c
RODRIGO PARLATO Desde o dia do meu não acontecido casamento, três anos se passaram, além da rídicula fama de me tornar o abandonado no altar devido aos rumores da sociedade, houveram também algumas mudanças desde aquele dia, tornei-me um engenheiro conhecido e respeitado no nosso país e fora dele, tornando-me CEO da Parlato construções, mesmo sem a concretização do casamento com a herdeira dos Antares, ainda assim eles aceitaram como CEO da empresa. Evidente que jamais iria contrariar a vontade do meu avô, tornei-me responsável por construir e entregar maravilhosos e inovadores edíficios, os famosos arranhas céus, fazendo com que a minha assinatura num projeto valha milhões, a depender do quanto isso me agrega e agrada para o sucesso, não assino qualquer projeto, além de ser díficil ter acesso a mim, não estando disponivel para todos. Aprendi muito com a partida de Érica naquela manhã de sábado, e principalmente ao ir a seu encontro naquela noite e não lhe encontrar, fazendo-me ent